Em uma demonstração extraordinária de convergência política, a bancada mineira protagonizou um fenômeno raro na polarizada política brasileira: 39 dos 53 deputados do estado votaram unidos pela ampliação do Congresso Nacional de 513 para 531 deputados federais. O movimento transcendeu as tradicionais divisões partidárias, unindo desde Nikolas Ferreira (PL), expoente da direita digital, até Rogério Correia (PT), veterano da esquerda petista.
Esta aliança improvável revela uma faceta pouco discutida da política nacional: quando os interesses corporativos da classe política estão em jogo, as diferenças ideológicas se tornam secundárias. O projeto, que inicialmente previa um gasto adicional de R$ 64,8 milhões anuais, foi habilmente reformulado no Senado para reduzir o impacto orçamentário para apenas R$ 10 milhões, através do congelamento de benefícios e despesas auxiliares.
Mais do que uma simples expansão numérica, a aprovação demonstra a capacidade do sistema político brasileiro de se autorregular em favor de seus próprios interesses. O efeito cascata nas Assembleias Legislativas estaduais – que terão suas bancadas triplicadas proporcionalmente – criará uma nova arquitetura do poder legislativo nacional, com implicações que transcendem os custos imediatos e tocam na essência da representatividade democrática.

